O Recomeço após a crise

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Estamos vivendo num período de crise, e isso não é novidade pra ninguém, porém a crise não é apenas econômica, mas afeta também o mundo das artes, em especial falarei sobre o panorama da arte Naïf nacional.

Após um período de crise conceitual, gerada pela 13ª Bienal Naïfs do Brasil, que deixou de selecionar vários artistas naïfs e expôs arte “contemporânea” junto de outras expressões artísticas e poucas obras naïfs selecionadas, e como se não bastasse isso tivemos no final do ano de 2016 o fechamento do MIAN (Museu Internacional de Arte Naïf do Brasil, localizado no Rio de Janeiro), com a crise econômica vivenciada pelo Estado do Rio de Janeiro, e sem leis de incentivo não foi possível continuar de portas abertas para o público.

Toda essa crise fez com que os artistas naïfs despertassem para uma realidade, que os próprios artistas são agentes transformadores de suas próprias carreiras, se não se organizassem correríamos o risco de ver a arte Naïf nacional desaparecer.

Foi assim que vários artistas arregaçaram as mangas e começaram a se organizar, pois união sempre teve! Hoje vivemos um período de reorganização e reconstrução de projetos de exposição.

 

Após o mês de Agosto de 2016 vários artistas naïfs organizaram e produziram exposições coletivas de arte Naïf, podemos destacar as exposições como a “ 4ª Exposição Cor-Ação 2016”, organizada pela artista Naïf Rosangela Politano na Cidade de Socorro, interior do Estado de São Paulo, e exposta no período de 07 de outubro a 15 de novembro de 2016. Essa mostra foi uma seleção de artistas naïfs e populares como Willi de Carvalho, Índio, Helena Vasconcelos, Shila Joaquim, Con Silva, José Maria Machado, Célia Santiago, a própria Rosangela Politano e a participação de artistas internacionais Florence e Marli de Ro, ambos da Bélgica, e Bruno Boulay da França.

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Depois ocorreu a exposição "Universo da Alma Ingênua" exposta na Casa da Memória de Vila Velha, Estado do Espírito Santo, que contou com a participação de vários artistas muito talentosos, entre eles participaram os artistas Ângela Gomes (Brasil), Asta Birle (Brasil), Ângela Rosalina (Brasil), Ademir Torres (Brasil), Alejandro Pinzón (Colômbia), Carolina Karpati (Israel), Cristina Verda (Espanha), Elsa Farias (Brasil), Erlei Pereira (Brasil), Erminda Breda (Brasil), Fátima Camargo (Brasil), Henry Vitor (Brasil), Inês Vitória (Brasil), Juju Menegatti (Brasil), José Manuel Escobar Rios (Peru), Kia-Maria-Aho (Finlândia), Minna Lehvaslaiho (Finlândia), Marja – Muusa ¨Hamäläinen (Finlândia), Ottilia Cormos (Romênia), Orna Geva (Israel), Rafael Leon (Itália), Susy Kleyff (Israel), Timo Hämäläinem (Finlândia) e Victória Seppanrm (Israel). e em especial destaque para as obras de Ângela Gomes, artista Naïf e organizadora do projeto.

 

Participei recentemente da abertura da 1ª ENANCO (Exposição Nacional de Artistas Naïfs) que ocorreu no dia 24 de janeiro de 2017 no MAG (Museu de Arte de Goiânia), organizado pela talentosa artista Naïf Helena Vasconcelos e apoiadores, com a Curadoria de Antonio da Mata, que tem uma sensibilidade ímpar para trabalhar com a produção de arte Naïf nacional e o catálogo conta com o texto do colecionador e grande apoiador da arte Naïf nacional Augusto Luitgards que sintetizou seu amplo e íntimo olhar sobre a produção da arte Naïf nacional da atualidade, texto que servirá de referência em futuros textos do site. O ENANCO segue em exposição no período de 24 de janeiro a 12 de março de 2017.

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Nessa exposição foram selecionadas 80 obras de 30 artistas naïfs nacionais, que foram convidados a participar do projeto entre esses artistas destacamos Alessandra Teles, Américo Poteiro, AntonioPoteiro, Augusto Japia, Carmézia Emiliano, Com Silva, Dilvan Borges, Elsa Farias, Enzo Ferrara, Erlei Pereira, Fé Córdula, Helena Vasconcelos, Lourdes de Deus, Manoel Santos, Max Ramires, Rocha Maia, Mirian, Nilson Pimenta, O. S. Bezerra, Omar Souto, Rimaro, Rosangela Politano, Waldomiro de Deus, Sandro Carvalho, Santana, Sérgio Pompêo, Shila Joaquim, Tânia de Maya Pedrosa, Valques Rodrigues, Vera Marina e Willi de Carvalho.

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Durante a passagem por Goiânia tivemos a oportunidade de nos conhecemos pessoalmente, pois virtualmente um acompanhava a carreira de outro, uma tendência atual, nós artistas naïfs dialogamos e acompanhamos um a carreira do outro, temos amizade e admiração mútua. Em especial pudemos conviver e dialogar entre os artistas Sérgio Pompêo, Vera Marina, Max Ramires, Com Silva, Ângela Rosalina, Erlei Pereira, Américo Poteiro, Waldomiro de Deus, Lourdes de Deus, Tânia de Maya Pedrosa, Helena Vasconcelos e eu, passamos belos momentos em visita pela olaria onde Américo Poetiro produz suas obras e pela residência dele, onde está parte da produção das obras de Antônio Poteiro e produções de outros artistas naïfs, guardadas na coleção da família, passamos também por visita ao ateliê de Lourdes e Waldomiro de Deus, que gentilmente nos recebeu para um almoço animado, onde conversamos sobre política, religião, educação, oportunidade, igualdade racial e planejamos ações para o futuro da arte Naïf nacional.

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A Crise conceitual nos deu força para continuar a produzir e a se organizar, se enganam aqueles que acham que excluindo artistas naïfs acabam com a produção nacional, ou desestimulam o próprio artista a produzir, pelo contrário, o “não!” nos fez despertar para mudar a forma como vinhamos trabalhando, agora tivemos que aprender a planejar e produzir projetos de exposição – A necessidade ensinou o sapo a pular – e foi assim o nosso caso.

Algo chamou a minha atenção, nessa exposição participaram algumas obras recusadas pela 13ª Bienal Naïfs do Brasil, caso de dois painéis de Rosângela Politano, que estão fazendo o maior sucesso na exposição, principalmente o painel que retrata uma “Sala dos Milagres” muito bem humorada, mas para ver essa e outras obras o público deve visitar a exposição.

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Eu estou participando com duas obras realizadas sob tábua, uma foi tampa de caixa de vinho, outra um fundo de gaveta. As obras retratam o “Fogo no Barraco” e outra a “Violência Doméstica”, mostrando que a arte Naïf consegue retratar uma infinidade de temas que vão do universo da cultura popular com seus festejos ao retrato da realidade como denúncia social.

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A cidade de Piracicaba não é mais a capital da Arte Naïf nacional, os artistas naïfs nacionais se organizaram e todo esse movimento de produção e exposições estão conectados, é organizado, mas descentralizado, são produções de organização independente e um artista dá apoio ao outro tanto na organização, como na participação com envio de obras, promovendo um diálogo organizado em tripé, onde as cidades de Vila Velha no Espírito Santo, Goiânia em Goiás, Socorro e Mogi das Cruzes no Estado de São Paulo se apresentam como polos de produção e exposição da arte Naïf nacional.

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Dando sequência a esse movimento atual da produção da arte Naïf nacional em 18 de fevereiro será aberta a Mostra dos Recusados em seu Primeiro Módulo – A Trajetória da Arte Naïf Nacional, que será exposta em Mogi das Cruzes.