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IMAGEM: ARIEH WAGNER, JACQUELINE A. FINKELSTEIN E ENZO FERRARA - MIAN - MUSEU INTERNACIONAL DE ARTE NAÏF DO BRASIL - 08 DE DEZEMBRO DE 2015.

FECHAMENTO DO MIAN - ARTE NAÏF EM CRISE

A crise no mundo da arte naïf vai muito além da recusa das produções naïfs pela bienal Naïfs do Brasil, promovida pelo SESC Piracicaba. Agora nós artistas Naïfs recebemos mais um golpe duro, o fechamento do MIAN - Museu Internacional de Arte Naïf do Brasil. Acabo de receber essa carta pelo meu e-mail:

Queridos artistas,

É com imenso pesar que comunico a vocês o encerramento das atividades do Museu Naïf no dia 23 de dezembro de 2016.
Tentei encontrar nos últimos 2 meses soluções para enfrentar a crise, estou conversando com as Secretarias de Cultura do Estado e do Município e com o IBRAM (Instituto Brasileiro de Museus) do MinC. Todos muito sensibilizados, porém sem poder nos ajudar. Propus aos 3 orgãos governamentais que assumam a casa/sede do MIAN e que recebam uma parte expressiva da coleção em comodato, para expor. Espero, sinceramente, que muito em breve vocês voltem a ter a sua casa!


Aproveito também para lhes comunicar que me aposentarei e que não continuarei a frente do museu caso consigamos que ele seja repassado e/ou reaberto.
A tristeza é enorme, porém, a sensação de dever cumprido e de ter realizado todos os esforços possíveis, no sentido de conseguir dar continuidade ao museu, é verdadeiro. Minha filha, Tatiana, que com toda a garra, energia vibrante, criatividade e empreendedorismo conseguiu reabrir e fazer o museu funcionar durante alguns anos, viu as dificuldades voltarem. Infelizmente a realidade brasileira é assustadora, em especial para a cultura. Impossível querer fazer cultura em um país que mal reconhece a sua importância na educação e na formação do seu povo. Neste momento de crise, as esperanças desapareceram, assim como os patrocínios, apoios, até mesmo os editais de projeto não foram abertos. Não temos absolutamente nada em vista para 2017, nenhum alento, e foi por este motivo que decidi fechar as portas do museu.


Fiquem certos que foi uma decisão dificílima, cheia de emoção pela história do MIAN, que vocês tão bem conhecem, por minha vontade de querer perpetuar o sonho do meu querido pai, pela nossa pequena mas preciosa equipe de funcionários, e por vocês, em especial, nossos naïfs tão queridos, que ficarão sem casa temporariamente!

Com carinho e muita emoção, recebam meu afeto.

Jacqueline A. Finkelstein"

Gostaria de ajudar, mas no momento não sei como, a crise financeira tem atigindo todos nós de forma avassaladora, as obras não estão vendendo bem, é um momento difícl para todos nós. Se fosse só o caso de manter as portas abertas, poderíamos nos unir e fazer uma vaquinha para colaborar com o MIAN, mas nesse momento o quanto sempre estivemos sozinhos, e sem apoio de empresas e instituições, realmente fica muito dificil.

 

Não sou noveleiro, mas depois de ontem, ao ver o personagem Tião Bezerra quebrar obras de arte popular na galeria da personagem Elô, a ficção expõe bem a realidade que o artista popular e o artista naïf vive no Brasil. Infelizmente não existe um despertar da consciência da valorização das nossa produções e da importância de manter as portas do MIAN abertas.

Nunca pensei em olhar para o futuro da arte naïf no Brasil e ver apenas uma imensa escuridão!

Precisamos realmente de ajuda.

Enzo Ferrara,

Mogi das Cruzes,

01/12/2016

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