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Maquete da Inspeção do gado, da sepultura de Meket-Rá (XI Dinastia)

MUSEU EGIPCIO DO CAIRO

DETALHE DA OBRA DE WALDOMIRO DE DEUS

ORIGEM: http://d.i.uol.com.br/album/02082010_f_022.jpg

PERÍODO ANTES DE CRISTO

 

O acervo do Museu Egípcio do Cairo, no Egito, guarda vários objetos e obras de arte, que devem ser analisadas com outra ótica.

A arte no antigo Egito era muito importante, pois é através dela que se desenvolve a escrita, a partir de hieróglifos, e graças à arte que podemos saber como era a vida na época, como a civilização egípcia se desenvolveu através da história e como ela influenciou e foi influenciada por outras culturas. A produção artística do Antigo Egito como os hieróglifos, as esculturas, as peças de cerâmica, as pinturas em mural, podem ser consideradas, também como arte Naïf, por que conseguem dialogar de forma simples com a pintura e escultura Naïf que é produzida até os dias de hoje.

As semelhanças das pinturas hieróglifos que representam costumes e contam como era a vida na época, são muito semelhantes à pintura feita por artistas contemporâneos como Lourdes Ferraz e Waldomiro de Deus, e até na obra de Corina F. Ferraz, que retratou na obra A multiplicação dos pães e peixes, feita em 1996, utilizando o mesmo aspecto das representações de pintura egípcia, para retratar alguém que viria alguns séculos depois do desenvolvimento da civilização Egípcia, podemos encontrar características semelhantes até mesmo na tonalidade de pele e na posição das figuras humanas.

Analisando as pinturas, alto relevos, pequenas esculturas, que são as mais vivas representações documentais da história egípcia antiga, é através delas que percebemos costumes e práticas ainda vivas até hoje, muito abordados também pela arte Naïf contemporânea. Um exemplo bem evidente é um alto relevo no sarcófago da Rainha Kawit da (XI Dinastia), que foi encontrado em Deir-el-Bahari, hoje no Museu Egípcio do Cairo, no qual podemos ver um serviçal, ou escravo, retirando leite de uma vaca, o bezerro está amarrado na pata dianteira da mãe, para que o homem consiga tirar o leite com tranquilidade, uma prática muito comum ainda nos dias de hoje, amarrar o bezerro para ordenhar a vaca e que aparece em obras de artistas Naïfs como a de Niko Pirosmani e Ivan Generalic.

O museu Egípcio do Cairo guarda também em seu acervo uma série de maquetes diversas, ao qual vou destacar a Maquete da Inspeção do gado, da sepultura de Meket-Rá (XI Dinastia). A Série de maquetes levavam para a vida após a morte as imagens das atividades, as diversões e os episódios da vida cotidiana que o nobre falecido desejava conservar presentes.

 

Estatuas de Rahotep e Nofret, que são da IV Dinastia, Reinado de Snefru (2575-2551 a.c.).

ORIGEM> MUSEU EGÍPCIO DO CAIRO

Cerâmicas Figurativas da Artista Isabel Mendes da Cunha

ORIGEM: http://artepopularbrasil.blogspot.com.br/2010/11

O que mais me chamou atenção foram duas esculturas que levam o titulo de Estatuas de Rahotep e Nofret, que são da IV Dinastia, Reinado de Snefru (2575-2551 a.c.). A Semelhança das duas estátuas com as Cerâmicas Figurativas da Artista Isabel Mendes da Cunha e de seu genro, João Pereira de Andrade, ambos brasileiros, é de espantar. As obras conseguem dialogar entre si. O tratamento artesanal dado aos olhos dos personagens, a tonalidade da pele, próximo ao da realidade, a valorização da vestimenta, o anti naturalismo da forma e da proporção das figuras, se comparadas com a realidade, a cena dos retratados, capturadas no cotidiano, são os pontos que conseguem dialogar entre as obras de arte em questão.

Apesar de serem feitas de materiais distintos, pois as estátuas egípcias foram feitas de calcário pintado e as esculturas brasileiras são feitas de cerâmica pintadas ou popularmente conhecido como Barro Cozido, a semelhança chama a atenção.

Não é só a cerâmica que liga culturalmente os dois países, pois tanto a civilização egípcia, quanto as comunidades que vivem da cerâmica no Vale do Jequitinhonha, no Brasil, se desenvolveram nas margens dos rios que cortam as terras, às vezes secas, tornando suas margens férteis e que oferece uma argila rica e de qualidade, as populações só poderiam ser criativas e encontrar uma utilidade para a matéria prima que a natureza gentilmente oferecia. O resultado são as obras de arte, que podemos considerar um verdadeiro patrimônio da humanidade, tanto as do Museu Egípcio do Cairo quanto as do Vale do Jequitinhonha.

A cerâmica figurativa de Dona Isabel Mendes da Cunha, que vive em Santana do Araçuai, no Vale do Jequitinhonha, são famosas, tanto que em 2004 a escultura A Noiva fez parte da Mostra Mistura Fina dentro da Bienal Naïfs do Brasil promovida pelo SESC Piracicaba – SP.

As esculturas egípcias mostram um outro detalhe importante, a utilização da escrita na obra de arte, que os artistas naïfs souberam utilizar muito bem ao longo da história da arte, principalmente na pintura, que veremos em características mais adiante. Merecem destaque também um conjunto de três Esculturas Egípcias, pertencentes ao acervo do Museu Egípcio do Cairo, que levam o nome de Três Portadoras de oferendas da IV Dinastia, Reinado de Pepi (2289 a 2255 a.c.), que também conseguem dialogar com as cerâmicas figurativas do artista Pernambucano Vitalino Pereira dos Santos, popularmente conhecido como Mestre Vitalino, principalmente se comparadas com as figuras dos retirantes nordestino, pois as três portadoras de oferendas foram dispostas uma atrás da outra, de forma decrescente, sobre uma base de madeira. As três figuras carregam as oferendas na cabeça, exatamente como os retirantes. A cor da pele, queimada do forte sol do deserto, o tratamento e atenção dados aos olhos das três mulheres, a cena retirada do cotidiano, são características que permitem concluir que as obras egípcias dialoguem de forma simples com as obras de Mestre Vitalino.

DETALHE:“Painel de Pitsa” pintado por volta de (540 a 530 a.c.)

ORIGEM: http://grandesmuseus.folha.com.br/livro-9.shtml

Museu Arqueológico Nacional de Atenas

 

O Segundo museu a ser visitado é o Museu Arqueológico Nacional de Atenas, na Grécia. O museu guarda em seu acervo muitas obras de arte que podem ser consideradas obras Naïfs, dentre elas destacamos algumas.

A primeira peça, não é nem se quer uma obra inteira, mas sim um fragmento ou pedaço, que leva o nome de “Fragmento de Dinos com Corrida de Carros”, datada do fim do (IV século a.c.) O Fragmento retrata uma corrida de carros e uma arquibancada pintados sobre cerâmica, ou um antigo vaso grego. O que leva a considerar esse fragmento uma arte naïf é o anti naturalismo presente no tamanho desproporcional das figuras retratadas, pois os cavalos que movem a viga, que não aparece na cena, são maiores que a arquibancada, composta por oito degraus, cheia de gente, que assiste animada a corrida de carros. A segunda obra a ser analisada é uma pintura sobre madeira de 12x25 cm, Que tem como título “Painel de Pitsa” pintado por volta de (540 a 530 a.c.) Acreditamos que esse tipo de pintura em painel de madeira era muito popular na época, como a pintura em tela de tecido é hoje, porém pelo fato de que a madeira não é um tipo de material que dure muito através do tempo, não sobraram muitos exemplares até os nossos dias. O painel mostra um grupo de sete pessoas, mulheres e crianças, levando oferendas, entre elas um carneiro, que serão oferecidos num altar. Os meninos tocam música e apresentam um dos braços nu, as mulheres são retratadas com o corpo totalmente coberto e usam um manto vermelho ou capa nas costas. A cena é muito semelhante às pinturas Naïfs que retratam as festas populares do Brasil, como a Festa do Divino Espírito Santo, Congada e Folia de Reis, outra semelhança é a utilização do contorno das figuras, a ingenuidade no olhar dos personagens, a cena do cotidiano e o antinaturalismo nas formas dos personagens, são características que levam a considerar também essa obra uma arte Naïf. Em ambas as obras destacadas anteriormente podemos encontrar a utilização da escrita, algo muito comum na pintura Naïf Contemporânea. Vamos, rapidamente, dar um pulo no Museu de Heráclion em Creta, para ver as pinturas no Sarcófago de Hagia Triada. Feito pela civilização Minóica é um símbolo da máxima expressão da pintura, mostrando uma civilização cheia de cor e vida, cumprindo seus rituais religiosos. 

O Sarcófago traz uma pintura classificada em algumas publicações como Afresco, onde podemos ver um grupo de pessoas fazendo oferendas religiosas, três figuras masculinas se voltam para o lado direito oferecendo em sacrifício dois animais e uma pequena maquete que lembra um barco, para uma figura menor que pode ser um rei ou uma divindade. No lado direito podemos ver três figuras femininas oferecendo música e bebida a outra figura, o sarcófago ainda é decorado com flores e formas geométricas. Os pés das figuras lembram as técnicas de pinturas como as que vemos nas obras da artista Wilma Ramos, tudo muito simples, com rico colorido e utilização do contorno, no qual podemos considerar também como uma pintura naïf.

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