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O BOM PASTOR - CUBÍCULO DO VALATIO DAS CATACUMBAS DE PRISCILA - ROMA

ORIGEM: http://lealuciaarte.blogspot.com.br/2013/01/arte-crista-primitiva.html  

PERÍODO DA ERA CRISTÃ - PALEOCRISTÃ (SÉCULO III, IV E V)

 

Para dar início ao estudo da arte Naïf na era Cristã, vamos visitar um local pouco conhecido do grande público. A arte Naïf está representada num primeiro momento apenas na pintura, devido ao momento histórico cultural, da região, para ter contato com as pinturas vamos conhecer uma parte da cidade de Roma na Itália, mas precisamente na parte subterrânea, onde vamos encontrar as catacumbas de Roma.

O alvo da pesquisa vai do final do século II até o século V. Nesse período havia uma grande perseguição aos primeiros cristãos. Ainda não existiam igrejas e para encontrar pinturas, vamos para o único local em que os romanos não tinham o hábito de visitar, as catacumbas.

As catacumbas eram o refúgio e local de práticas religiosas dos cristãos. Ali se reuniam em segredo e segurança da perseguição dos romanos, pois esses desprezavam as catacumbas, que para eles representavam a morte como o fim e o local pouco atrativo, tanto que muitas dessas catacumbas ficavam fora da velha cidade de Roma e seguindo o mesmo exemplo da capital do império, outras cidades sob o domínio romano faziam o mesmo. Podemos encontrar, por exemplo, pinturas de catacumbas nas cidades de Sevilha, na Espanha, em Nápoles e dos centros da Sicília na Itália.

Muitas dessas catacumbas pertenciam a famílias pagãs, que permitiam que os primeiros cristãos enterrassem seus falecidos nas catacumbas, aí alguém num determinado momento percebeu que ali era um local propício para o culto do cristianismo livre e fora dos olhos romanos, e as paredes foram o primeiro espaço de sua expressão artística e religiosa.

As características que unem a pintura das catacumbas ao movimento da arte Naïf contemporânea são a falta da sombra das figuras, o colorido como alternativa de volume, simplicidade da composição dos temas, as cenas, mesmo retratando a vida de Cristo tinham muito a ver com o cotidiano do pintor, que no geral é anônimo, e a principal característica, o olhar ingênuo dos retratados, pois eles representavam Cristo e seus seguidores, e não poderiam passar uma imagem de ira, inveja, luxúria, cobiça, entre outros, que são características da imperfeição humana, e que eram encontradas nas representações dos deuses Gregoso e Romanos.

O Bom Pastor pintado no Cubículo da Valatio das catacumbas de Priscila, em Roma, é um bom exemplo: o olhar bondoso da figura de Cristo, visto como romano, usa como roupa uma túnica branca curta, mas está representando como um pastor que guia as almas, representadas na figura de vultos de animais. Outro exemplo é o Banquete eucarístico ou Factio Panis, pintado na capela grega das catacumbas de Priscila, onde podemos notar sete figuras sentadas no chão, repartindo o pão, que está em dois pratos, e o vinho, que está num copo, ao lado das figuras podemos observar dois cestos de pão, as figuras usam roupas brancas, tão como os romanos, mas podemos perceber uma atmosfera de fraternidade e ingênua bondade entre os retratados.

A pintura de fins do século III, que tem como título Adão e Eva, e está no cemitério dos Santos Pedro e Marcellino, em Roma, é outro bom exemplo, que vai se repetir em outras pinturas ao longo dos séculos, um casal com a árvore do pecado entre os dois. O casal que tem suas vergonhas cobertas por folhas de parreira e é possível notar a figura da serpente saindo entre as pernas de Eva. Assim como na pintura de muitos artistas Naïfs contemporâneos a árvore foi feita apenas com uma tonalidade de verde, e a cor foi usada para dar profundidade, não existe plano de fundo e o artista conseguiu colocar até mesmo feições de culpa diante da ingenuidade do pecado cometido.

Durante todo esse período do Século III até o V, vamos ver os temas do cristianismo ainda misturado com os temas mitológicos e com a cultura romana da época, a separação só vai acontecer na fase seguinte, no mosaico.

Sobre os autores não temos muitas informações, sabemos que a grande maioria era anônima, que eram cristãos e que conheciam as técnicas da fabricação das tintas, da aplicação na parede e também como desenvolver uma variedade de pigmentos. No desenvolvimento eram influenciados pela cultura Grega e Romana e pela vida cotidiana, em alguns casos, o Cristo vai ser representado como o deus sol, outras como Apolo, e até como a figura de um legitimo judeu, de cabelos pretos e encaracolados, nariz um pouco mais achatado e pele mais escura, queimada pelo sol do deserto da Terra Santa.

 

 

 

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