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Adalbert Trillhaase - Der barmherzige Samariter

ORIGEM: http://virtuellesbrueckenhofmuseum.de/vmuseum/historie/zeige_objekt.php?auswahl=5112

ARTE NAÏF GIRO 360° (MUNDO)

A ARTE NAÏF NA ALEMANHA (SÉCULO XX)

 

O projeto do livro estava quase pronto quando ganhei de presente do artista Naïf Ignácio da Nega um livro pequeno, que ele tinha guardado por vários anos e que eu não poderia deixar de fora do projeto de pesquisa. O livro tem como título “Pintura Naïve”, é fruto de uma exposição ocorrida em Stuttgart em 1988, no período em que a Alemanha estava dividida entre Alemanha Ocidental e Alemanha Oriental, separadas pelo famoso Muro de Berlim. A obra reunia dados biográficos e imagens das obras de 32 artistas da República Federal da Alemanha.

Na Alemanha o termo Naïf já era utilizado para designar a pintura popular produzida em meados do final do século XVIII, para fugir do estilo rococó, que estava entrando em decadência naquela época, mas nesse caso é mais aplicado a pintura decorativa, pois os pintores de placas e em outros suportes sempre existiram. Georg Schmidt, ex-diretor do Museu de Arte de Basiléia, analisou o assunto: A palavra alemã Naiv veio do idioma francês para o alemão no século XVIII, por tanto, antes de Rousseau. A ideia da palavra era ligada ao significado de inato, natural ou original. No século XVIII, na luta contra o rococó cortesão, essa palavra se tornou a essência do que é natural, são, ingênuo, inocente.

Após a queda do mundo rococó, o artista Friedrich Schiller contrapôs à noção do Naïf do “sentimental”: O homem e artista Naïf sente o natural, como paraíso perdido e ideal ansiado. Atualmente a palavra Naïf tem um sentido ambivalente, acentuando o valor positivo, quer dizer infantil, ingênuo com o valor negativo significa acriançado, simbólico. Em sentido isento de valor: Pueril, inconsciente, presciente.

O artista Oluv Braren, que era professor de escola primária das escolas do interior e natural da Frísia, que durante o século XIX viveu na ilha de Föhr, pode ser considerado como o mais antigo pintor leigo na Alemanha. Mas o movimento de produção de pintura Naïf Alemã ganharia mais força a partir do século XX, quase que despercebida e de forma invisível essa arte foi produzida até mesmo nos períodos das grandes guerras mundiais.

Em 1928, Uhde promoveu a primeira exposição coletiva de pintores Naïfs em Paris. O organizador dessa exposição definiu os cinco artistas participantes como sendo um grupo de artistas que se expressavam da mesma maneira. Esse fato concretizou o há muito esperado, ainda que pouco espetacular ingresso comprovado e oficial dos naïfs nos meios artísticos, e a partir de então terem aceitação pública.

Se Uhde tivesse naquela época, procurado artistas Naïfs na própria Alemanha ficaria surpreso, pois eles já existiam trabalhando em suportes de temas folclóricos, pintando e decorando as paredes das igrejas do sudoeste da Alemanha com motivos da vida caipira ou iria se deparar com Votiv- Bildern (Ex – Votos), que também eram produzidos pelos pintores leigos nas aldeias do interior da Alemanha.

Em Düsseldorf durante a década de 1920 existia um grupo chamado Junges Rheinland, que se reuniam em Mutter Ey e logo estreitaram relação com o artista Adalbert Trillhaase (pintura na parte superior da página), considerado o Rousseau entre eles. Após essa década a Alemanha passaria pela IIª Guerra Mundial e dividida em dois países. Mesmo com tantas transformações em solo alemão, continuou a ser produzida a arte naïf, mesmo nos momentos mais difíceis. Após a década de 1950, as grandes empresas iam paulatinamente diminuindo os horários das jornadas semanais, com mais tempo livre os operários tinham a possibilidade de pintar nas horas vagas e começaram a surgir novos artistas, isso era mais visível em Württemberg e principalmente na região de Rur e começaram a realizar exposições desses novos artistas nos momentos de lazer. O ponto culminante foi alcançado em 1971 com a exposição Werke und Werkstatt naiver Kunst (Obras e ateliês de arte naïve) em Recklinghausen, que se tornou o lugar de encontro preferido de inúmeros e importantes artistas Naïfs e profissionais da área.

Os temas dos pintores Naïfs da Alemanha dessa época são bem diferentes, já que o ambiente de trabalho era fatigante e não trazia boas lembranças, assim como na produção de pintura Naïf de outros países, os naïfs da Alemanha preferiam a fuga da dura realidade cotidiana. Os temas preferidos eram ligados a lembranças de infância, pequenos prazeres cotidianos, principalmente os ocorridos em ambiente familiar. Os temas das cidades grandes geralmente eram vistos como ilhas cercadas de edifícios que fascinavam tanto os olhos dos artistas naïfs quanto os temas de desfiles, paradas, festas populares, e mesmo as batalhas, por causa do colorido dos uniformes e das bandeiras.

Frans Klekawka

ORIGEM: http://www.ebay.de/itm/331702164611

Temas ligados a questões políticas e sociais também surgem nas obras dos Naïfs da Alemanha caso da obra Prozession im Puhrgebiet (Procissão), e Maidemonstration mit Gastarbeitern (O 1° de Maio), ambas de 1974, pintadas por Frans Klekawka, artista que nasceu em 1924. Na primeira obra podemos observar uma procissão acontecendo numa cidade onde o pano de fundo é uma indústria e a segunda é um desfile de operários comemorando o dia 1° de maio, data muito importante para os operários da indústria.

O artista Naïf Franz Josef Grimmeisen nasceu em 1927 em Colônia, foi dentista de profissão e era esportista amador, pois praticava boxe, remo, mergulho e esgrima, mas é na pintura que ele mais se destacou, sendo considerado por alguns especialistas como um dos maiores pintores Naïfs da Alemanha. Destaquei as obras Winter im Revier (Inverno na Reserva), Treibeis (Gelo Movediço) e Eingeschneit (Cobertos de Neve). Podemos observar na obra de Franz os temas ligados a grandes cidades cobertas por neve. Um dia as crianças brincam na neve e temos a visão das pessoas fazendo várias atividades dentro de seus lares nos prédios da cidade com telhados pintados de branco cobertos pela neve. No porto o pequeno barco rebocador se prepara para quebrar o gelo e navegar e até o trem parado no meio do caminho tem vida com os funcionários da ferrovia limpando a neve dos trilhos. Suas obras eram pintadas com a técnica do acrílico sobre cartão, dando um resultado final de uma pintura iluminada.

O terceiro artista que merece destaque é Erich Bödeker, um escultor Naïf. A escultura Naïf na Europa é muito rara, o que torna a produção de Erich ainda mais especial. Destaquei as obras Polizist (Polícia), Boxer-Hund (Cão Boxer) e Liegende (Figura feminina deitada). As esculturas de Erich são feitas na maioria de concreto e madeira policromados e lembram as rústicas esculturas produzidas pelos artistas do nordeste brasileiro.

Outros nomes devem ser lembrados, logo abaixo destaquei os nomes mais relevantes da pintura Naïf na Alemanha até o início da década de 1990:

 

Adalbert Trillhaase

Carl Chistian Thegen

Dorothea Löbel-Bock

Eduard Odenthal

 Emma Stern

 Erich Bödeker

 Erich Grams

Franz Josef Grimmeisen

Franz Klekawka

Friederike Voigt

Friedrich Gerlach

Gerlinde Krauss

Henry Dieckmann

Ida Bock

Jan van Weert

 Jean Abels

Josef Wittlich

Karl Hertmann

Karl Maeder

Lisa Kreitmeir

Maja Kunert

Manfred Söhl

Maria Kloss

Max Raffler

Max Valerius

Michael Schächl

Minna Ennulat

Paps (Elgentlich Waldemar Rusche)

Rosemarie Ladsiedel-Eicken

Rudolf Stapel

Silvia Garde

Vivian Ellis

 

 

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