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A ARTE NAÏF NA EX-IUGOSLÁLIA, ATUAL  REGIÃO DE SÉRVIA E MONTENEGRO (SÉCULO XX)

Apesar do termo “Naïf” ter surgido na França, graças ao trabalho de Rousseau, e a outros artistas que vieram em seguida, um dos períodos mais reveladores da história da arte, esse mérito não assegura aos franceses nenhuma exclusividade sobre essa arte. Como já sabemos a arte Naïf não é um fenômeno criativo da produção artística da Paris do final do século XIX. Através do livro (site) o leitor já pode dizer que a arte Naïf sempre existiu, desde tempos remotos e em regiões distintas, alargando a sua produção em todo o globo. Sem sair da Europa, logo vem a criação de toda uma produção muito criativa, do que foi chamado no século XX de “Milagre Iugoslavo”. Ao redor do famoso pintor Naïf Ivan Generalic se reuniram pintores camponeses, que formaram a Escola de Hlebin, nessa região foram produzidas grandes obras de arte, sem nenhuma influência da pintura francesa, principalmente por que os camponeses não tinham acesso e informação sobre o que era produzido na pintura Naïf francesa e nem sabiam o que estava acontecendo em París.

 

A produção em solo Iugoslavo (e atual Croácia) era totalmente voltada para temas e cores locais. Acontecia paralelamente em aldeias como Oparic na Sévia, e Kovacica em Banat.A produção de pintura Naïf produzida na região da Iugoslávia logo ficou famosa, com temas da vida campestre e pintada sobre vidro.

Podemos falar das obras de pintura em vidro, bem conhecida e produzida na região como a obra São Jorge Matando o Dragão, feita por um pintor anônimo da Sérvia, região de Vojvodina, atualmente em coleção particular na Itália. A obra é um exemplo da produção colorida feita em vidro e que apresenta excelentes resultados, tanto na composição como naobtenção final das cores. Na obra podemos ver a típica imagem do guerreiro sobre um cavalo branco matando um dragão com a lança e ao fundo uma princesa no castelo.

A obra de Ivan Generalic é algo sem precedentes na história da pintura Naïf do século XX, ele transferiu para a pintura temas que retratam a vida camponesa da região, com suas formas e cores.

Ivan Generalic nasceu em 1914, cursou até a quarta série, iniciou sua carreira com pintura em madeira e vidro, como era costume nas pequenas aldeias das regiões dos Balcãs, e só mais tarde utilizou as aquarelas e tinta óleo sobre papel e sobre tela. Para muitos era um tradicional Artista de Domingo, para outros um revolucionário artista da pintura. Ele era um verdadeiro camponês, pois vivia em meio campestre, trabalhando nos campos das videiras. Opesquisador Robert Wildhaber visitou o artista em busca de objetos que valorizassem a arte popular, para expor no Museu de Basiléia e nos apresentou relatos incríveis da vida do artista.

Segundo o pesquisador o artista Ivan Generalic pintava nos momentos de inspiração e nas horas de folga, sobre a mesma mesa de jantar da família.As pinturas eram colocadas em acervo nas paredes da casa, ao lado das fotografias da família. O artista se acostumou a pintar sobre vidro e só raramente pintava sobre madeira. O pesquisador ficou encantado ao ver o artista de grande porte e com mãos grandes se mover para produzir a delicada obra e fala sobre as madeiras que utiliza para produzir suas obras. Ivan Generalic lhe disse, “tem que sentir o calor da alma do material que vai pintar e que nem sempre sente o calor na madeira dura, mas sempre sente no vidro a alma do material ao pintar”.

A pintura em vidro sempre foi muito tradicional na região, mas também é presente na Suíça, França, Alemanha e na Ucrânia, com o passar do tempo a madeira foi sendo utilizada com mais frequência, pois dava uma maior segurança no transporte da obra, pois o vidro quebra e a madeira é mais resistente. Na segunda metade do século XX muitos artistas passaram a utilizar a tela de tecido, ao ver que a madeira também tinha o problema do cupim, e a tela apresentava um longo resultado de durabilidade e resistência no transporte.

Podemos falar das obras A Pastora e o rebanho de porcos, que é surpreendente. Com um céu negro a pastora, uma senhora já de idade, com vestido vermelho, guia o rebanho de porcos negros, sobre uma pastagem coberta de neve, ainda vemos uma pequena igreja ao fundo.  Na obra No Campo o artista mostra um rebanho de bois pastando num bosque, porém com cores e clima bem diferentes, talvez no outono, quando as folhas das árvores são tingidas por um colorido vibrante. A cena parece ser um fim de tarde, algumas vacas já se deitam no campo para descansar, enquanto o pastor observa encostado numa árvore, tudo é calma e silêncio.

Ainda em território ocupado pela Ex Iugoslávia, na região de Hlebine os trabalhos de Kata Dolenece Branko Matina, na região de Gabajeva Greta as obras de Franjo Dugina são dignos de nota.

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