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OLHOS NAÏFS
Durante o período de 12 de abril a 12 de julho de 2019, expõe suas obras no Mezanino do Sofitel Guarujá Jequitimar. O projeto recebeu o nome de Enzo Ferrara em Exposição, onde foi apresentado ao púbico uma seleção de obras dos 25 anos de Carreira do Artista. O projeto da Exposição é uma parceria entre o Hotel e a Galeria Jacques Ardies, com quem Enzo Ferrara trabalha desde 2017.
"O Artista (Enzo Ferrara)
Nascido em São Paulo, aos 10 anos realizou sua primeira exposição na escola, onde vendeu suas primeiras obras pintadas sobre cartolina. Este sucesso prematuro provocou nele a convicção de ser artista. assim surgiu para o cenário cultural Enzo Ferrara, nome artístico em homenagem a cidade de Ferrara na Itália. Pintor ativista da cultura brasileira, se conecta com a essência verdadeira dentro de rituais, danças folclóricas e teatro. A cidade de São Paulo é sua principal fonte de inspiração. Retrata desde a beleza da arquitetura colonial, enaltecendo a originalidade e estilo da época, como os tempos de hoje, valorizando cores diversas, intensificando um ar de melodia para cenas urbanas conhecidas. Uma visão intimista de uma cidade contemplada com imaginação, mostrando seus becos, seu charme, trazendo vida e nos levando a um passeio cultural se sair de casa.
A Galeria
Com mais de 30 anos de existência, a Galeria Jacques Ardies tem como característica a divulgação da arte naïf do Brasil. a galeria conta com um acervo de quadros e esculturas de 80 artistas brasileiros e promove diversas exposições em museus e galerias do Brasil e do Mundo, bem como em seu espaço físico em São Paulo."
Texto de divulgação da exposição.
Obras da Exposição comentadas:
Autor: Enzo Ferrara
Título: O Morro visto da janela do meu ateliê
Técnica: OST
Dimensão: 50 x 70 cm
Ano:1995
Essa obra foi pintada quando eu tinha 11 anos, ficou um tempo guardada, recentemente passou por um período de retoque e limpeza, nesse processo a opção foi por recolocar a colagem que existia originalmente na pintura, uma embalagem de fósforo como baú no caminhão verde em primeiro plano.
A paisagem corresponde ao Morro da Vila Suíça, periferia de Santo André, onde o artista viveu até os 20 anos de idade, que surge em memórias e é tema de várias de suas pinturas.
Autor: Enzo Ferrara
Título: Igreja de São Francisco de Assis em Ouro Preto - MG
Técnica: AST
Dimensão: 30 x 40 cm
Ano:2019
Ao observar algumas pinturas, notei que a estrutura das produções mudou muito desde que iniciei na arte, as construções eram aglomeradas, muito parecidas com as construções das periferias das grandes cidades, amontoado de gente e de casas.
Hoje as pinturas são criadas de forma mais ordenada, espalhadas pelas telas, planejadas, pensadas em cada detalhe, porém uma coisa não mudou, a força da cor, sempre presente nas produções.
Nessa obra que retrata a Igreja de São Francisco de Assis em Ouro Preto, projetada por Aleijadinho e um dos primeiros exemplos do Rococó na arquitetura brasileira.
A obra faz parte de uma série de pinturas comemorativas, retratando cidades do Brasil, e divulgando o termo - Naïf Urbano - utilizado pelo artista desde 2016 com a oficina de arte Naïf Urbano, promovida na ocasião no SESC Itaquera em São Paulo.
Autor: Enzo Ferrara
Título: O Bonde Camarão na Avenida Angélica em São Paulo
Técnica: AST
Dimensão: 40 x 60 cm
Ano: 2009
A cidade de ontem é bem diferente da cidade de hoje. Nessa obra podemos ver o transporte urbano coletivo, os tipos humanos tão diferentes que utilizavam o bonde, que por ser vermelho era chamado de camarão. Na terceira classe podemos ver uma lavadeira indo entregar a roupa lavada, um músico, um comprador de tecido, entre outros, dando vida em meio a cidade com suas construções que juntas representam a indústria, comércio e arquitetura.
A obra é de um período de produção mais rústico, com pinceladas em "S" para dar esse efeito no céu, um céu da terra da garoa, onde o tempo chuvoso se mistura com a poluição da cidade grande.
Autor: Enzo Ferrara
Título: Antigo Largo da Sé em São Paulo
Técnica: AST
Dimensão: 80 x 100 cm
Ano: 2009
A cidade como protagonista, e símbolo de mudança, como vemos nessa obra. A cidade de São Paulo do final do século XIX (19), era como uma vila, de arquitetura colonial, rústica, ainda com lampião de gás, o transporte era por charrete ou por bondes puxados por mulas.
Nessa cena as duas igrejas que existiam no largo da Sé foram demolidas para dar lugar ao novo Centro da Cidade, e a construção da atual Catedral da Sé.
A Igreja matriz de São Paulo, ou Igreja da Sé é essa que está em primeiro plano, do lado direito nas cores azul e branco, ela foi demolida a partir de 1911, para dar lugar a região da Praça da Sé que temos hoje no Centro Velho de São Paulo. E a igreja marrom é a de São Pedro dos Clérigos, que foi demolida para a construção do atual prédio da Caixa Econômica Federal.
Autor: Enzo Ferrara
Título: Ladeira Porto Geral com rua 25 de Março
Técnica: AST
Dimensão: 40 x 50 cm
Ano: 2017
O nome pode parecer estranho, mas realmente existiu um porto próximo. No século XIX (19) o rio Tamanduateí chegava a região da rua 25 de Março e corria em paralelo, os peixes que eram pescado no rio eram vendidos nessa região, por isso o nome de ladeira Porto Geral. Hoje quem passa pela Rua 25 de Março nem imagina esse passado tão diferente.
Assim como ao longo do século XX a Rua Porto Geral é mão única e só pode descer carros, bom, os que conseguem passar no local, que é cheio de gente passando para fazer compras todos os dias.
Na obra podemos observar também o Prédio do Banespa com a bandeira do Estado de São Paulo, um símbolo da cidade e ícone das obras de Enzo Ferrara.
O quadro teve como base uma foto que o artista tirou no dia 01 de janeiro de 2017, ocasião em que a cidade fica deserta e é possível tirar fotos dos prédios com mais tranquilidade.
Autor: Enzo Ferrara
Título: Paraty
Técnica: Mista - AOST
Dimensão: 30 x 40 cm
Ano: 2005
Já que estamos falando de arquitetura colonial e rio que espraia, que tal a cidade de Paraty no Litoral Fluminense! Essa vila, que no passado servia para escoar o ouro que vinha da região de Minas Gerais para Portugal, e hoje é um ponto turístico e cultural famoso no país todo.
A cidade sofre influência da força das marés, que entra por algumas ruas, transformando a vila numa espécie de Veneza Brasileira.
Autor: Enzo Ferrara
Título: Rio de Janeiro visto da Ilha das Cobras
Técnica: AST
Dimensão: 30 x 40 cm
Ano: 2014
O Rio de Janeiro é próximo, e tem uma das paisagens mais belas do mundo, junção de cidade com montanha e mar, tudo em harmonia. Não é atoa que os artistas que viajavam pelo Brasil no início do século XIX (19) ficavam encantados com a natureza.
Autor: Enzo Ferrara
Título: Festa de São Binidito em Mogi das Cruzes
Técnica: AST
Dimensão: 40 x 60 cm
Ano: 2010
Esses artista viajantes sempre me inspiraram, e foi o que ocorreu nessa obra. Inspirada na tela "Enterro de uma Negra" - de Jean Baptiste Debret, que fiz essa versão onde a de São Benedito, que ainda existe no Largo Bom Jesus no Centro de Mogi das Cruzes é o cenário ideal. Na parte dos fundos ficava o primeiro cemitério da cidade, e de certa forma dialoga com a pintura de Debret.
Até hoje o Largo Bom Jesus recebe grupos folclóricos como as congadas, a quermesse de São Benedito, a entrada dos Palmitos passa em frente a igreja e ela é símbolo de movimentos culturais de resistência da cidade.
Autor: Enzo Ferrara
Título: Mona Lisa Negra
Técnica: AST
Dimensão: 40 x 30 cm
Ano: 2015
Conhecida como Mona Lisa Negra, essa obra é uma releitura da Mona Lisa de Leonardo da Vinci, que se encontra exposta no museu do Louvre em Paris.
Os elementos da paisagem como a estrada do lado esquerdo, o rio e ponte do lado direito aparecem das duas obras. A Mona Lisa Brasileira tem como pano de fundo a cidade do Rio de Janeiro com o Pão de Açúcar ao fundo.
Autor: Enzo Ferrara
Título: Retrato de Maria Caraça com paisagem de Ouro Preto
Técnica: AST
Dimensão: 40 x 30 cm
Ano: 2015
Apresentando uma estrutura semelhante a da obra Mona Lisa Negra, essa obra apresenta uma personagem tipicamente mineira. A Obra original passou por uma mudança, onde o cinzeiro foi modificado por um bule.
Autor: Enzo Ferrara
Título: Galo de Barcelos/ Alentejo
Técnica: Óleo sobre Vidro e verniz
Dimensão: 40 x 30 cm
Ano: 2016
Símbolo do Ateliê de Enzo Ferrara, o Galo de Barcelos é um dos temas que o artista mais produz. Ele representa as origens do artista, pois a parte materna da família do artista é de origem portuguesa. O avô materno de Enzo Ferrara chegou ao Brasil em 1919 vindo da Ilha da Madeira.
O simpático Galo de Barcelos, faz parte de uma série de Galos que representam outras cidades e regiões de Portugal, como esse que representa o Alentejo, região que tem uma cerâmica colorida e tradicional.
Autor: Enzo Ferrara
Título: Saci na Garrafa
Técnica: AST
Dimensão: 60 x 80 cm
Ano: 2010
O Galo de Barcelos surge quase que de forma escondida em muitas obras de Enzo Ferrara como nessa, em que se mistura com outros elementos decorativos.
Saci na Garrafa conta qual o método para apanhar um Saci e prende-lo na garrafa.
Para pegar um Saci é preciso uma peneira com cruz, que joga no Saci quando ele estiver no redemoinho, depois deve arrancar o capuz do Saci, que ele faz tudo que você mandar, inclusive entrar na garrafa. Para manter na garrafa tem que fazer uma cruz na rolha, que ele não chega nem perto dela.
Autor: Enzo Ferrara
Título: Saci na Mata
Técnica: AST
Dimensão: 60 x 80 cm
Ano: 2009
Essa é uma obra que beira o surrealismo, tem uma cor diferente por ter o preto como base. Simboliza a noite e seus mistérios. O povo do Roça dizia que a meia noite é a hora que assombração e espírito aparecem, e que esse clima de mistério e medo do desconhecido aumenta num período sem luz.
Essa obra mostra o Saci como um guardião da natureza, das águas e dos animais.
É preciso olhar com atenção para ver o tamanduá, a onça pintada e a garça no meio dos detalhes da vegetação.
Autor: Enzo Ferrara
Título: Vista Para o Municipal
Técnica: AST
Dimensão: 100 x 120 cm
Ano: 2018
O Obra tem como principal pano de fundo o Theatro Municipal de São Paulo, ambientado na década de 1920, e não poderia ser outra, pois foi a década da Semana de Arte Moderna de São Paulo, que ocorreu em 1922 no mesmo teatro, que que mudou os rumos da arte nacional.
O importante dessa obra é que mostra a importância da pesquisa. pois é preciso contextualizar a obra. As mulheres usam roupas com a moda da época, moda chanel ou das melindrosas, vestidos e cabelos mais curtos.
E a vitalidade do Centro Velho de São Paulo, lipo e cheio de vida.
ainda temos o bonde Camarão sobre o Viaduto do Chá e o extinto prédio do Teatro São José.
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